Os olhos correm havidos de um lado para o outro. Como que
a procura de algo, ainda que não se saiba bem o que seja. É uma profunda
angustia, pois quanto mais se contempla pessoas, lugares, objetos,
acontecimentos, filmes, coisas e mais coisas, sem, todavia encontrar aquilo que
se busca.
Vejo pessoas que se portam distantes do mínimo de
racionalidade e sensatez, vivem de forma consumista, dissoluta e estúpida.
Escravas de si mesmas, empantufaram-se de vazios existenciais, de nulidades morais,
de funestos vácuos desesperançosos e de apatia pelos valores celestes.
Desconhecem o que seja uma vida cordata, ponderada pela polidez e longanimidade
divinas. Pecadores que pecam com prazer, pelo prazer de pecar. São impulsivos
compulsivos, melancólicos depressivos, arrasadores destrutos; enfim, defuntos
perecidos, pela carnalidade. Mortos-vivos que se encontram alheios e dissociados
da graça divina.
Assisto outros, que correm aos templos, igrejas, sinagogas,
mesquitas, casas de oração, e até terreiros. Buscam através da religiosidade
uma tábua de salvação para seus temores e apreensões. Enchem e abarrotam lugares,
ainda que suas almas permaneçam vazias, pois as tradições humanas, frias e
insípidas como são, não satisfazem, não alimentam, não fortalecem, não alegram,
não restauram e não vivificam. Doentes da alma, que se furtam, tanto quanto,
frustram aos demais que estão em seu derredor, são deficientes visuais que
conduzem cegos, caminhando juntos em direção ao alto, íngreme e mortal precipício.
Observo ainda, aos suicidas, homicidas de si mesmos, aqueles
que comentem o desatino contra suas próprias consciências, no elevado cume da
arrogante e louca barbárie de negar a existência de Deus e consequentemente Sua
santa, justa e eterna providência. Dão-se permissão, através da licenciosidade
desenfreada para praticar toda sorte de depravações abomináveis ao Santo e
Justo Criador. Acreditam poder desligar a consciência a fim de “viver a vida, conforme lhes convier”.
Pensam: “Uma vez que Deus não existe,
logo, também, não há céu ou inferno, não há vida após a morte. E se eu estiver
errado, os crentes dizem que Deus me ama, logo Ele não vai me mandar para o
inferno”. E continuam a provocar o peso da santa ira divina.
Por fim, contemplo um monte, sombrio monte e por sobre o
monte, um objeto degradante, símbolo de morte, parece ser uma cruz de madeira e
nela existe uma inscrição, dizendo assim: “Jesus
Cristo, Rei dos Judeus”. Ao ver a cruz enxergo meus pecados, todos eles,
onde cada um desses compõe uma grande e numerosa multidão de ofensas contra o
Deus Eterno. Fazendo-me perceber que era eu, quem deveria ter sido castigado na
cruz. Noto que há manchas de sangue e marcas de pregos, entretanto a cruz está
vazia. Olho para mim e vejo que fui limpo, purificado. Em meu coração não pesa
mais a angustia e aflições de meus próprios pecados, até minhas roupas foram
trocadas, por vestimentas branquíssimas.
Ao erguer minha cabeça vejo uma imagem singular,
indescritível, não tenho como minunciar quem Ele é, sei que é um homem, porém
não é como qualquer um que já tenha visto, pois sua aparência e beleza é
superior a dos seres celestiais, Ele está com seus braços estendidos em minha
direção. O brilho que emana d’Ele ofusca totalmente minha visão e o que sou,
caio prostrado, entregue, sem reação. Após alguns instantes sinto uma mão, que
me toma erguendo-me do chão ao abrir os olhos vejo Seu sorriso, Seu olhar meio,
meu coração pulsa freneticamente, porque, enfim compreendo, os meus olhos viram
a promessa, vi o Salvador, vi a Jesus. E agora, tudo mudou, tudo é diferente,
tudo o que vejo, percebo que é para a glória de Deus.
O que você vê? Para quem está olhando? O que sua mente
deseja? O que aquece coração? Seus olhos são a candeia da sua alma? Quando você
se depara com a cruz, que Jesus você enxerga?
Rev. Eugênio Honfi