segunda-feira, 9 de março de 2015

O QUE VEJO!






            Os olhos correm havidos de um lado para o outro. Como que a procura de algo, ainda que não se saiba bem o que seja. É uma profunda angustia, pois quanto mais se contempla pessoas, lugares, objetos, acontecimentos, filmes, coisas e mais coisas, sem, todavia encontrar aquilo que se busca.
            Vejo pessoas que se portam distantes do mínimo de racionalidade e sensatez, vivem de forma consumista, dissoluta e estúpida. Escravas de si mesmas, empantufaram-se de vazios existenciais, de nulidades morais, de funestos vácuos desesperançosos e de apatia pelos valores celestes. Desconhecem o que seja uma vida cordata, ponderada pela polidez e longanimidade divinas. Pecadores que pecam com prazer, pelo prazer de pecar. São impulsivos compulsivos, melancólicos depressivos, arrasadores destrutos; enfim, defuntos perecidos, pela carnalidade. Mortos-vivos que se encontram alheios e dissociados da graça divina.
            Assisto outros, que correm aos templos, igrejas, sinagogas, mesquitas, casas de oração, e até terreiros. Buscam através da religiosidade uma tábua de salvação para seus temores e apreensões. Enchem e abarrotam lugares, ainda que suas almas permaneçam vazias, pois as tradições humanas, frias e insípidas como são, não satisfazem, não alimentam, não fortalecem, não alegram, não restauram e não vivificam. Doentes da alma, que se furtam, tanto quanto, frustram aos demais que estão em seu derredor, são deficientes visuais que conduzem cegos, caminhando juntos em direção ao alto, íngreme e mortal precipício.
            Observo ainda, aos suicidas, homicidas de si mesmos, aqueles que comentem o desatino contra suas próprias consciências, no elevado cume da arrogante e louca barbárie de negar a existência de Deus e consequentemente Sua santa, justa e eterna providência. Dão-se permissão, através da licenciosidade desenfreada para praticar toda sorte de depravações abomináveis ao Santo e Justo Criador. Acreditam poder desligar a consciência a fim de “viver a vida, conforme lhes convier”. Pensam: “Uma vez que Deus não existe, logo, também, não há céu ou inferno, não há vida após a morte. E se eu estiver errado, os crentes dizem que Deus me ama, logo Ele não vai me mandar para o inferno”. E continuam a provocar o peso da santa ira divina.
            Por fim, contemplo um monte, sombrio monte e por sobre o monte, um objeto degradante, símbolo de morte, parece ser uma cruz de madeira e nela existe uma inscrição, dizendo assim: “Jesus Cristo, Rei dos Judeus”. Ao ver a cruz enxergo meus pecados, todos eles, onde cada um desses compõe uma grande e numerosa multidão de ofensas contra o Deus Eterno. Fazendo-me perceber que era eu, quem deveria ter sido castigado na cruz. Noto que há manchas de sangue e marcas de pregos, entretanto a cruz está vazia. Olho para mim e vejo que fui limpo, purificado. Em meu coração não pesa mais a angustia e aflições de meus próprios pecados, até minhas roupas foram trocadas, por vestimentas branquíssimas.
            Ao erguer minha cabeça vejo uma imagem singular, indescritível, não tenho como minunciar quem Ele é, sei que é um homem, porém não é como qualquer um que já tenha visto, pois sua aparência e beleza é superior a dos seres celestiais, Ele está com seus braços estendidos em minha direção. O brilho que emana d’Ele ofusca totalmente minha visão e o que sou, caio prostrado, entregue, sem reação. Após alguns instantes sinto uma mão, que me toma erguendo-me do chão ao abrir os olhos vejo Seu sorriso, Seu olhar meio, meu coração pulsa freneticamente, porque, enfim compreendo, os meus olhos viram a promessa, vi o Salvador, vi a Jesus. E agora, tudo mudou, tudo é diferente, tudo o que vejo, percebo que é para a glória de Deus.
            O que você vê? Para quem está olhando? O que sua mente deseja? O que aquece coração? Seus olhos são a candeia da sua alma? Quando você se depara com a cruz, que Jesus você enxerga?

Rev. Eugênio Honfi

terça-feira, 3 de março de 2015

CAMINHOS





“Que porção, pois, teria eu do Deus lá de cima e que herança, do Todo-Poderoso desde as alturas? Acaso, não é a perdição para o iníquo, e o infortúnio, para os que praticam a maldade? Ou não vê Deus os meus caminhos e não conta todos os meus passos?” Jó 31.2-4.

            Os filósofos afirmam que o homem é um ser que está a caminho. Ainda que não se preocupem em estabelecer qual seja a direção, nem qual seja o destino final dessa caminhada. Simplesmente, que a caminhada reserva descobertas, sobre quem é, e sobre o que está ao seu derredor.
            Identifica-se que por meio da filosofia, o homem tem realizado inúmeras perguntas, todavia sem sucesso ao responder seus próprios questionamentos, uma vez que, estes desdobram-se em outras indagações, cujas respostas se perdem no vazio existencial e nas incertezas da inconstância humana, ou seja, a filosofia enquanto ciência, não satisfaz aos anseios da humanidade, porém dificulta ainda mais o entendimento sobre o que? Ou quem é o homem?
            A Sagrada Escritura assevera, que o homem foi criado por Deus, a sua imagem e semelhança (Gn 1.26,27). E que Deus em seu santo, perfeito, eterno e imutável propósito em criar o homem foi o de comunicar as perfeições de Seu ser as suas criaturas. Assim identificamos que é o homem, que precisa de Deus; e não Deus, que precisa do homem. Portanto é em Deus, que todos nós vamos encontrar as respostas que angustiam nossas almas, que causam aflição aos ansiosos de coração, que deprimem aos inconstantes.
            O homem é um ser a caminho. Esse caminho que deve trilhar é o caminho que conduz a presença de Deus. Jesus afirmou ser o único caminho que conduz a presença do Pai (Jo 14.6). O autor da carta aos Hebreus reforça essa compreensão quando nos convida a entrar na presença de Deus através de Jesus: Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é pela sua carne,... tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com agua pura (Hb 10.19-22). Jesus é a única direção, caminho, rota e destino a ser trilhado por aquele, que em seu coração deseja caminhar para os braços de Deus.
            Não conseguiremos se caminharmos sozinhos, ou na companhia de nosso orgulho, vaidade, prepotência, arrogância, inveja, dureza de coração e outros. Necessitamos urgentemente do auxílio do Senhor, para vencermos os reveses da caminhada, as súbitas e inesperadas mudanças, a extensão do percurso, as desilusões da peregrinação, enfim, carecemos da graça divina, que nos fortalece a mente, anima a alma e restaura o coração.
            Supliquemos a Deus, tal qual Davi: “SENHOR, guia-me na tua justiça, por causa dos meus adversários; endireita diante de mim o teu caminho; Pois tu, SENHOR, abençoas o justo e, como escudo, o cercas da tua benevolência.” (Salmo 5.8, 12). Glória à Deus. Amém.
Rev. Eugênio Honfi.