segunda-feira, 23 de março de 2020

TRANCANDO A BOCA E LIBERTANDO A ALMA







“O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína”. Pv 13.03.

            Nesses tempos de muito falatório, de defesas apaixonadas por diferentes pontos de vista, de multiplicidades extremamente exacerbadas e de tantos corações e almas marcados pelo distanciamento de matizes frias e sucursais opacas e entorpecidas pela solidão e solidez de uma pseudo verdade, ou melhor, de um tangenciamento da verdade absoluta, tornando-a uma mera caricatura de si mesma, egocêntrica e diminuta, cognominada de verdade relativa, isto é, minha verdade ou sua verdade, como se propriedade nossa fosse, cuja ideia implícita é que: “ela é nossa serva”.
            Vemos e ouvimos as queixas e lamentos, os anseios e desejos, as críticas e as depreciações. Como a alma do homem hodierno está encharcada de lama e podridão!!! Mas isso não é o pior, pois esse está tão anestesiado e fora de si, quanto a sua condição e situação perante Deus, que já não há sensibilidade ou resquícios de equilíbrio, nem de ponderação em sua consciência. Só resta o pecar com prazer, pelo prazer de pecar. São as intenções do coração sendo externalizadas, pela fala e através dos atos. Nesse viés ecoam as palavras do Senhor, quando Ele assevera: “Pois a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12.34)”.
            A expressão do autor de provérbios nos alerta: “...o que abre muito os lábios, a si mesmo se arruína”. Tem como norte, o falar em demasia, ou o não saber medir as palavras em sua extensão, mas, também o não refletir nas suas implicações e desdobramentos. Uma palavra mal dita, isto é pronunciada inoportunamente ou inadvertidamente causa males terríveis, tanto a si próprio, como aqueles a quem se é dirigida, todavia não se pode esquecer ou diminuir a gravidade do impacto aos ouvidos daqueles que a ouviram. Logo, casamentos, amizades, sociedades, em fim relacionamentos são arruinados. As vezes de forma irremediável, para sempre.
            Daí a observância de se “guardar a boca, para a conservação da alma”. Ao refletirmos sobre o sábio conselho do autor de provérbios 4.23, que diz: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida”. Coaduna nesse entendimento Tiago, 1.19, quando exorta: “Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar”. Guardar a boca também implica no cuidado de não enredar-se nas próprias palavras, em não fazer afirmativas precipitadas e tornar-se refém de suas mesmas assertivas.
            Devemos buscar direção do Espirito para sabermos o que falar, e também quando falar. Temos que procurar manter o coração leve e alma suave. Nosso espírito deve desejar ardentemente a condução do Santo Espírito, que procede do Pai e de Cristo. A fim de que sejamos guiados por Ele no pensar, no falar, sentir no agir. A semelhança d’Ele.
            Logo, nossa boca estará a serviço do reino dos céus e com toda ousadia e intrepidez anunciaremos as benesses do gracioso e divino convite para a salvação daqueles, que eleitos por Deus, hão de ter suas almas libertas e seus corações purificados.
            Que o Senhor seja louvado e adorado, hoje e sempre, amém.
            Rev. Eugênio Honfi.

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